Cavalo
Sinto com as narinas
O vento com gosto amargo
A lhe espalhar os cabelos
E desenhar com esmalte
A concreta cor
Que ruboriza a ponta dos dedos
Algumas flores mortas
Se penduram na janela.
Pelos seus olhos castanhos
Avisto o sol euclidense (velho e caquético)
Fabrico para ela um cavalo
Com crinas e pêlos lisos
A cavalgar errante pelo papel
Em versos de galopeio...
O gosto amargo do leite
Ainda está em seus dentes
(homem não ama... Homem invade, e violenta, e alarga e incomoda)
SÓ AS MULHERES AMAM
SÓ AS MULHERES AMAM
Porque amar é ser invadida
Violentada
Alargada
Incomodada...
O vento? Ah... o vento
Com gosto de sangue mensal
Deixa os cabelos dela
Prontos para próxima cavalgada...
E as flores mortas
Jazem sem esperança
Balançando ao vento
Como mãos plantadoras de ADEUSES
E o cavalo solitariamente
Desliza pelos seus olhos castanhos
Rumo ao seu leito vazio
Onde milhares de homens nus
Querem sugar seu leite
seu gozo
sua privacidade
sua calma
sua beleza
SÓ AS MULHERES AMAM
SÓ AS MULHERES AMAM
Porque amar é a arte inerente
A quem
se invade
se violenta
se alarga
se incomoda
se faz doer
e SÓ AS MULHERES SABEM O QUE É ISSO!