Cavalo

Sinto com as narinas

O vento com gosto amargo

A lhe espalhar os cabelos

E desenhar com esmalte

A concreta cor

Que ruboriza a ponta dos dedos

Algumas flores mortas

Se penduram na janela.

Pelos seus olhos castanhos

Avisto o sol euclidense (velho e caquético)

Fabrico para ela um cavalo

Com crinas e pêlos lisos

A cavalgar errante pelo papel

Em versos de galopeio...

O gosto amargo do leite

Ainda está em seus dentes

(homem não ama... Homem invade, e violenta, e alarga e incomoda)

SÓ AS MULHERES AMAM

SÓ AS MULHERES AMAM

Porque amar é ser invadida

Violentada

Alargada

Incomodada...

O vento? Ah... o vento

Com gosto de sangue mensal

Deixa os cabelos dela

Prontos para próxima cavalgada...

E as flores mortas

Jazem sem esperança

Balançando ao vento

Como mãos plantadoras de ADEUSES

E o cavalo solitariamente

Desliza pelos seus olhos castanhos

Rumo ao seu leito vazio

Onde milhares de homens nus

Querem sugar seu leite

seu gozo

sua privacidade

sua calma

sua beleza

SÓ AS MULHERES AMAM

SÓ AS MULHERES AMAM

Porque amar é a arte inerente

A quem

se invade

se violenta

se alarga

se incomoda

se faz doer

e SÓ AS MULHERES SABEM O QUE É ISSO!

David Souza
Enviado por David Souza em 30/03/2009
Código do texto: T1513507
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