Pierrot

Na quarta feira de cinzas,

Ele vaga pelo entulho de serpentinas,

A cabeça pesada pela ressaca,

E a fantasia quase toda rasgada.

Vai balançando cantando um samba,

procurando divisar ao longe algum vivente,

Mas todos partiram e ele ficou,

Pra catar os cacos do carnaval.

Vai-se um paetê, depois outro,

Até que do brilho de sua fantasia,

Reste apenas o farrapo sujo,

De uma estôpa mal ajambrada.

É hora de voltar pra realidade.

O carnaval acabou,

A Colombina sumiu,

O samba atravessou,

E o que era doce azedou.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 06/05/2006
Código do texto: T151298