AMOR BIZARRO
Amor maduro, forte, seguro…
Às vezes é assim...
É assim que alguém sonha,
e acredita que em alegrias
a vida se traduz.
Enquanto isso, há quem refuga a luz
a harmonia, o encanto...
Se esconde e se completa
em sórdidos becos escuros,
vestindo a capa de mentiras
e máscaras de estranhos ardis impuros...
Desce aos infernos e dança
nos braços de demônios
sorridentes e vestidos de festa!
Bebe incessantemente
o absinto de sua própria alma,
inebriando-se com seus próprios
eflúvios degenerados...
Vê, alma vadia: amanheceu o dia!
A luz retorna e desnuda essa alma tua,
impudica em seu lascivo desatino...
Olha-te no espelho e sente
o terror de saber de ti mesmo,
teu veneno correndo em tuas veias!
Vê teu olhar cansado e vazio,
resultado de tua alma escura
e teu degenerado cio...
Não, não me estendas as mãos,
nem me olhes com esse olhar
que implora, incansavelmente,
por amor e perdão...
Respeita, por ora, minha alma,
que ainda por ti sofre e por mim chora.
Mas, respiremos fundo, juntos ainda, pois
apesar do nascer de novo dia,
longe está o raiar da nossa aurora.
Antes de tudo, banha-te
nas águas de tua própria compaixão.
Troca tuas vestes por outras limpas,
brilhantes de um branco-prata,
cores místicas de regeneração.
Pega somente uma folha papel,
lápis de poucas cores
e traça o mapa do teu destino,
a estrada, o caminho
que te reconduzirá a mim...
Não poderá ter curvas,
nem paradas nem desvios,
deverá seguir reto,
deverá te levar direto
ao que queres,
e se quiseres, por fim.
No mapa do teu caminho,
não pinta nem lagos nem flores,
Economiza nas cores,
usa o negro, muito cinza,
quando muito o branco-marfim...
Pinta pedras, pinta espinhos,
pontes sobre precipícios,
se quiseres o outro lado alcançar.
Não te desvies, não te demores,
pois ainda, ao longe, te espero.
Apressa teu caminhar,
pois nem sei, se lá estarei, para sempre,
espreitando o horizonte,
ansiosa por te ver chegar!