FIM DO MUNDO
Desde muito pequenino,
Ouvia dizer meu pai :
_ Ano que vem, menino,
As coisas vão melhorar.
Entra ano, ano sai,
Tudo no mesmo lugar.
Fui vivendo de esperança,
Anos e anos a fio,
Quando me vem à lembrança,
O que sinto é arrepio !
Porque papai só dizia,
Com a mesma esperança pura,
Mal sabia que viria,
Uma triste diadura !
E a cada ano que findava,
Mais notícias ruins,
A violência aumentava,
Muitas doenças e afins.
As drogas em ascendência,
Assaltos e assassinatos,
No auge a indecência,
Número cinco, o ato.
Ditadura acabou,
Renasce o otimismo,
Mas para decepção,
Política continuou
Com um terrível cinismo,
E o circo se armou.
Roubam e acham graça,
Na grande pizzaria,
Zombam da nossa raça,
E como têm mordomias !
Agora, adulto eu penso,
No ano que vai começar,
Acho que está propenso,
De muito breve acabar !
Auro.