EDINÉA DE MINAS
Você é mato.
Estrada de terra
sem construções do lado.
Se muito, uma tapera.
E uma ponte sobre o riacho.
Feita de pau apoiado na pedra.
E é esta a paisagem
que eu acho
que no olhar você leva.
Minas com os morrinhos redondos
e o pôr-do-sol no meio.
Capa de disco de mineiro
que não é mineiro
mas canta Minas pro Mundo inteiro.
Minas para mim é sempre atrás da montanha.
Edinéa para mim não é estranha.
É distante.
Minas distante
Edinéa distante.
Paisagem distante.
De mirante.
Realidade distante.
Cheia de instantes
que eu queria sentir.
Queria ?
Se quisesse não faria o que fiz nos antes.
Seria outra pessoa.
Paulistano que sai nos fins-de-semana.
Até fui.
Mas aí fui adiando os fins-de-semana.
Fui deixando pra outro dia.
Quem se engana ?
Edinéa acho que chupa mexerica
e chupa manga.
No pé.
Eu fico de pé
aguardando cada hora da semana
para não esquecer de marcar no calendário.
Consultar na agenda.
E às vezes olhar nada
com o olhar distante.
Pensando se vale a pena.
Para minha amiga Edinéa Maris Bastos, de Betim/MG
1998