Os Ponteiros

Os Ponteiros

O tempo parou, encravado no ponteiro,

Num número que não significa nada,

Não dá o norte, nem a direcção da fada,

Não diz o dia, nem a hora,

Nem sei se bate o coração,

Nem se o dia nasceu, ou não.

Lá fora, continua o turbilhão,

Da massa de um mundo incansável,

Que pisa tudo, tudo é chão!

A hora, por certo, já passou,

O dia nasceu, entardeceu,

Tudo é igual, nada mudou,

A escrita continua a percorrer o mesmo caminho,

A erguer-me, a empurrar os meus passos,

Num rumo incerto, talvez sem destino.

Meus pés já denotam o cansaço,

E meu rosto esconde-se,

Nas pinturas coloridas, disfarçado de palhaço,

Onde todos riem e o resto pouco importa,

E a sorte faz o resto,

O futuro fica longe, ou fica perto?

Talvez seja hoje e nem reparei nos ponteiros,

Talvez dê ouvidos ao vento norte,

Talvez volte a deitar, os dados da sorte!

Nenúfar 24/3/2009