já foi ontem

Acho que nem devemos

Paremos por aqui

Buscando musicalidade nesta conversa

A verdade não tem dono

Nada é exato

Tudo fadado ao fracasso

Ou um lapso

Telegrafado na lembrança

Corrompido pela minha arrogância

Ignorante

Quem me mandou rimar faleceu

Tentou entender à vida

Sua vida não lhe entendeu

Sou eu

O ultraje que anda sambando

Bebericando nos becos transando

Sendo vilão da tristeza

Parceiro da alegria

Pau pra toda obra

Embriagando companhia

Me vicia

Toda amizade sincera

Depois passa

Instiga exagera

Quem eu era

Foi ontem

Já cruzou o patamar

Gosto de andar descalço

Sentir a terra sujar

Engordurar meus lábios

No calor da pinga suar

Rindo alto

Quero te acordar

Levanta desta cama

E vem comemorar

Outro de mim nasceu

Ao fim do dia morrera.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 05/05/2006
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