COR
Me perdi no profundo azul dos seus olhos.
Fui sugada por um turbilhão que me deixou sem chão, sem prumo.
É difícil pontuar quando o aconchego, o carinho,
a mão amiga deixaram de ser cumplicidade
e passaram a ser objeto de desejo...
Quero aquela borracha mágica, quero voltar o relógio
e apagar tudo aquilo que não deveria ter sido:
Um casamento, 3 funerais... você.
Quero arrancar o terrível sentimento de arrependimento.
Quero tirar de mim o seu cheiro, o gosto bom da sua boca.
Ah, a sua boca... a sua boca... me dá febre.
Me perdi no profundo azul dos seus olhos. Quanta cor!
Preciso varrer você para debaixo do tapete,
encontrar a chave de casa.
Porque agora, como já foi dito por alguém, “é tarde, Inês é morta...”
Fecho os meus olhos dissecantes (quanto alívio, não é?)
e ao som do teatro vazio o pano cai,
saio de cena e levo comigo a sensação de quase ser feliz
e uma imensa saudade do que quase foi.