CACOS

Passada a tormenta é hora de contar os mortos.

É chegado o momento de acordar da letargia,

juntar os cacos, recolher os destroços do que fomos.

Tantos momentos bons, quero guardá-los

numa caixinha na memória.

Tantas tristezas, tantas perdas...

O que foi feito das raízes fundas que criamos juntos?

Queria poder voltar o filme e com olhos de crítico

enxergar onde foi que nos perdemos.

Em que altura seguimos caminhos diferentes

e voltamos para casa como dois estranhos.

As diferenças crescem aos olhos.

A falta de tolerância, cumplicidade, carinho

ocuparam as noites de longas conversas

depois do amor bem feito.

Os corpos que se achavam no escuro,

hoje mal se tocam...

E uma tristeza toma conta,

invade com ímpeto meu peito e meus olhos.

Dói perceber que não passamos de uma promessa.

Que não deu para resgatar o irresgatável.

O coração está seco,

sem força para bater de novo por você.

É uma solidão sem estar sozinha,

uma vontade de sair correndo

e simplesmente respirar.

LilithV
Enviado por LilithV em 24/03/2009
Código do texto: T1504228
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