PENICHE
Dentro da cela ouve-se o mar.
Trepando as grades vê-se o longe
até o horizonte.
O mar é companhia,
abraça-nos todo à volta.
O mar agride a muralha
desesperadamente,
espuma raiva de ondas furiosas
mas não consegue libertar-nos.
Ecoam os passos da ronda
no lajedo.
Obrigado, mar.
Até amanhã, de novo a conspirar.
(Prisão do Forte de Peniche, Maio de 1973)