Poema viciante
Precipito-me às palavras quentes
e por lá, sob uma ardência imensa,
flutuam meus sonhos mais belos...
A distância me consome.
Queima-me o intervalo atlântico
entre os teus delírios
e os meus doces desejos.
Viro-me, inquieta
e a sedução dos teus versos me enleia.
Liberto-me de todo o peso. Flutuo, leve...
Ainda com o corpo oferecido,
deleito-me com os extensos gemidos
dos gritantes chamamentos
antes de me içar dessa letargia.
Num só movimento,
alargo-me na poesia
e misturo-me a ela,
desnuda e bela...
Mais uma vez,
torno-me um poema sentido
cujas estrofes fervem de ânsias.
O teu amor volve aos meus olhos
nas minhas entranhas
feito uma oscilação vertiginosa
como um mistério rimado
de torrentes sensações.
E agora a minha carne
é onda que gira em cio poético
é espuma que estoura nos rochedos perfeitos
é um poema inteiro indo ao teu encontro,
desejoso, viciante, totalmente apaixonado ...