Desafio
E de repente
Nada de chão nem sorriso
Só um vão enorme
Que eu chamaria de abismo
E o medo de cair é imenso
É quando se perde o prumo e se percebe o tempo
Que escorre entre os dedos trêmulos e molhados
É quando se encontra o ponto que interroga o rítmo
E de repente
Nada de chão nem sorriso
Viver é míngua e e ao mesmo tempo viço
Dor que se contrapõe ao riso
E o medo de cair é imenso
E o de partir também
Pois o desconher é denso
E na verdade
Só matéria é o que se consome e se toca
E assim, dela se apropria
E de resto, pouco se sabe
Por isso se implora em prece
Que não se perca o elo
Nem se desprenda tão breve
De repente
Nada de chão nem sorriso
...faz um frio intenso
Tudo em mim é dúvida e desafio