NO DIA DA LIBERTAÇÃO
Só notei que era Abril quando acordei
da asfixia geral, assim que o mar
cavalgou a muralha, espuma no ar
chicoteando as grades. Mas não sei
se era o mar ou o sangue, que ateei
de chama inquieta, de alma a crepitar
no meio da alvorada, ou se era o esgar
do silêncio daninho que arranquei.
Punhos cerrados estilhaçam portas,
animam-se de ritmo as horas mortas
como crisálidas que a luz invade.
Instalam-se canções de pedra e cal.
O vento expulsa os medos do olival.
Respiro o amor, o beijo, a liberdade.
Só notei que era Abril quando acordei
da asfixia geral, assim que o mar
cavalgou a muralha, espuma no ar
chicoteando as grades. Mas não sei
se era o mar ou o sangue, que ateei
de chama inquieta, de alma a crepitar
no meio da alvorada, ou se era o esgar
do silêncio daninho que arranquei.
Punhos cerrados estilhaçam portas,
animam-se de ritmo as horas mortas
como crisálidas que a luz invade.
Instalam-se canções de pedra e cal.
O vento expulsa os medos do olival.
Respiro o amor, o beijo, a liberdade.