Cântico das misérias humanas e das misericórdias divinas
Ai. Dor, companheira minha...
até aqui... no fim do mundo?
Até aqui no fim dos meus dias?
Até aqui depois do fim da vida?
Mas, dor, por que tanto me persegue,
doença odiosa?
Salve-me, um anjo, dessa morte imortal!
Salva-me, silêncio...
Salva-me, escuridão!
Queremos te encontrar, Senhora da Luz...
Abra teus braços à nossa procura...
Acendemos nossas velas com o fogo da fé,
saímos a tua procura,
esperamos encontrar o Caminho.
Mas somos tão pequenos e fracos, Senhora,
não deixe que nossas dores nos desanimem...
porque... porque as dores são tantas!
e são tão doloridas...
Por isso eu gritei e me perturbei,
a noite toda foi de sufoco e confusão.
Na escuridão ouvi tantas vozes,
meu maldito pensamento me fez chorar...
Eu... eu sinto muita dor...
por quê?
E dói tanto sentir essas dores
que eu me acalmo, enfim...
Na esperança de uma gota de luz
desse teu infinito Oceano de Luz
que se abre sobre mim num som tão calmo;
na esperança certa de uma gota púrpura desse som,
desse chamado ardendo em brasa,
um chamado de Salvação...
Senhora, eu aceito! Leva-me,
que aqui me dói tanto!
Dói tanto que eu me entrego ao desespero.
Vêm os demônios maus do além dos infernos
para me carregar...
E agora... assim?
Choro em sangue de fraqueza doente;
mas se Ela existe,
então eu vou com Ela!
Sim, Bendita Senhora! Sua luz...
ah, sua luz... me cativou.
Não há espaço entre as dores para a Luz;
e é por isso que as dores têm que se ir...
já que me deixo, agora, em tuas palavras,
sim, Dama da Luz e da Verdade.
No sopro do vento, apenas...
E eu me renovo neste momento!