VIDENTE

VIDENTE

Tudo claro como o raio e simples como a serpente

evidente como a morte que há na sorte da vidente...

A cruz à beira da estrada, porteira que não se move

o cantar das corredeiras tão cansado me comove...

E meu corpo hirto na relva, horto de eras ao relento

pensamentos nos abrigos dos remoinhos do vento...

Cerca de arame farpado e esse entulho no jardim

milho novo replantado nas vertentes de alecrim...

Duas ovelhas no aprisco, um cão magro na cadela

dois jacintos pendurados nos dois lados da janela...

Tudo certo como a morte esperando simplesmente

evidente quanto a morte que há na sorte da vidente...

Afonso Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 21/03/2009
Código do texto: T1498485
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