O Acordar da Manhã !
O Acordar da Manhã !
O acordar da manhã, voltou triste,
Num ritual surdo que me sufoca,
Um olhar desconsolado sobre uma linha torta,
Que serpenteia a minha mão;
Não fui eu que a risquei,
Não escrevi esse risco vincado a dizer NÃO.
Talvez o descontinuado risco que se adivinha,
Seja o futuro, que desaparece numa linha,
E a mente acalma-se com a leitura,
Farto do percalço, da vida ao som da Lua;
Podia terminar aqui a sinfonia,
Nesta pauta quebrada de sons,
Onde só surgem silêncios e pausas,
Contratempos, de onde não descubro as causas,
Passei o concerto ao lado da melodia,
Percorri a rua, sem ver a luz do dia,
E agora, que a noite traz a escuridão,
Continuo sem perceber os riscos da minha mão!
Engulo em seco o amargo da garganta,
Num golpe rápido onde lavo a amargura,
E o olhar baixa-se rendido perante o frio da rua;
Perdi, e há muito aceitei a derrota,
Deste jogo, perdido cedo, com batota,
E o inimigo continua certeiro,
A disparar sobre os restos do alvo,
Até que nada exista, nada foi salvo,
Tudo se consome dia a dia lentamente,
Tudo cai, resta de pé a minha mente!
Nenúfar 19/3/2009