A VELHICE
Diante do espelho estanque
Mirando-se ele fica pasmo,
Pois a imagem é um tanque,
Esmagando os olhos em mórbido marasmo.
O corpo já não mais resplandece
Tem baço o olhar terno
E o conjunto mais parece
Árvore em rigoroso inverno,
Cobrindo, da vida, a vastidão,
Com os anos que foram vividos,
Que deixaram, petrificadas no chão,
Marcas de amor pelos entes queridos.
Anda como animal de três patas.
Solitário, em cismas vive imerso,
Equilibrando sobre sapatas
Todo o conhecimento do universo
Simbolizado pelas rugas faciais,
Pelos seus cabelos que perderam a cor,
Mas, dentro de si, tem amor demais,
Para enfrentar a velhice sem dor.
25/08/04.