MESA VAZIA
Da taça sobre a mesa
Refulge luz incandecente.
Da vela emoldurar acesa
No castiçal assente.
Dois rostos se encontram...
De amores, juras falam.
Quais pombos a se arrulhar
Nos beirais se amam.
As flores em meio ás juras;
Tudo ouvem em silêncio.
Dos amantes promessas puras.
O palpitar dos corações tensos.
No afagar a face da fada
Diz o mante em sussurro...
No abafar de sua fala.
Ouve-se dela um murmúrio:
"Que juras fazes à mim!
"Vejo noite em teus olhos...
"Amor é um doar sem fim...
"Em ti !Impuro - como breu.
A efígie que pureza parecia,
Tem seu final dissoluto.
D'um coração desfaz-se a poesia!.
D'outro, peçonho como abutre!.
A luz que ra fulgente
No castiçal, vertente chora.
Os pombos, outrora contentes
Tristes, vão embora.
As flores que tudo ouviam;
Emurcham, tamanha covardia.
Da donzela - amor sentiam.
Do amante - ilusão - fantasia.
O quadro que era belo,
Sua luz agora apagou.
A negridão em torno gera.
Uma mesa vazia ficou.