Strano Amore
Rola-me, agora,
a lágrima.
Rola indiscreta,
quase tímida,
como os olhos
que me amaram
um dia.
Não é de dor,
nem de angústia.
Também, não é de ilusão.
Tampouco, ódio.
São águas do bem,
mar de meu coração
que se alegra
por ter, uma vez,
vivido a pureza
do que era descrença.
É em ti,
minha doce amiga,
que miro os olhos
quando sofro.
Foi em ti
que aprendi
como enxergar
o que não via;
cego pelas máscaras
que me defendiam.
Será, então.
Por isso, vejo
o quão és bela
e criança.
De sonhos e inocência
no querer que é
tão sincero.
Não austero, então,
me faço.
Quero beijos
e abraços.
Teus carinhos
tão certeiros.
Teu jeito
tão secreto.
Quero-te em minha vida.
Na carne, ou no laço;
o que importa
é não perder-te.
Tu te tornas
alma e guia,
em minhas trevas de poeta.
O que cantei,
e hoje reafirmo,
é que não
me dou injusto;
te ministro
na admiração.
O que canto novamente,
é a eternidade do que fomos,
e não,
a incerteza
do que
poderíamos
ser.