Poesia que não serve

(Ausências)

Não há no céu

lua de prata

estrelas não há

imensidão não há

não há ninguém aqui,

quem suspeite esse

riso frouxo que

a noite encobre

Faltam palavras para

dialogar com as

coisas sublimes

e sobram imagens

na parede

que nada dizem,

apenas se calam

apenas calam a

tímida inquietação

que se revolve pelo corpo

Se ela me amasse

(ou não amasse)

quantos poemas

nobremente

eu não teria feito?

Mas, assim,

não falta nada

nada falta, não

O que haveria de faltar

em noite em que tudo

foi encoberto por nuvens

que se precipitam no

céu dos meus olhos

e deixam, após

amargas tempestades,

somente um poema oco?

Não falta no céu

uma lua de prata

estrelas faltam não

imensidão falta não

alguém falta não

Faltam no céu

apenas as lacunas

de algumas presenças

que nunca se preenchem.

antônimo
Enviado por antônimo em 19/03/2009
Reeditado em 27/10/2009
Código do texto: T1494867
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