Poesia que não serve
(Ausências)
Não há no céu
lua de prata
estrelas não há
imensidão não há
não há ninguém aqui,
quem suspeite esse
riso frouxo que
a noite encobre
Faltam palavras para
dialogar com as
coisas sublimes
e sobram imagens
na parede
que nada dizem,
apenas se calam
apenas calam a
tímida inquietação
que se revolve pelo corpo
Se ela me amasse
(ou não amasse)
quantos poemas
nobremente
eu não teria feito?
Mas, assim,
não falta nada
nada falta, não
O que haveria de faltar
em noite em que tudo
foi encoberto por nuvens
que se precipitam no
céu dos meus olhos
e deixam, após
amargas tempestades,
somente um poema oco?
Não falta no céu
uma lua de prata
estrelas faltam não
imensidão falta não
alguém falta não
Faltam no céu
apenas as lacunas
de algumas presenças
que nunca se preenchem.