Mãos

As minhas mãos nas suas mãos

As mãos do mundo inteiro em nossas mãos

Mãos que semeiam

Mãos que segregam

Mãos que norteiam

Mãos que interpretam

Mãos que disparam

Mãos que seqüestram

Mãos que amedrontam

Mãos que se pegam

Mãos que passeiam seios e coxas

Mãos que escorrem por nossas costas

Mãos que penetram subversivas

Mãos que masturbam, que coisa louca!

Mãos são tão feias, são tão bonitas

Mãos são prudentes, são atrevidas

Mãos são presentes, são esculpidas

São de chegada e são de partida

Mãos são de adeus, são de regresso

Mãos são pedaços de universo

Mãos de pianistas, prostitutas, presidentes

Mãos de sacerdotes, magistrados, cafetinas

Mãos de bailarinas, escritores, balconistas

Mãos de poetisas, seringueiros e profetas

Mãos de toda sorte

Mãos de Deus

Mãos de vida e morte

Mãos de Rodin

Mãos de toda sorte

Mãos de Deus

Mãos de fio e corte

Mãos de Rodin

Só beleza e porte

As minhas mãos nas suas mãos

As mãos do mundo inteiro em nossas mãos

Mãos que apontam os dedos

Mãos que apertam gatilhos

Mãos que nos tecem poemas inteiros

Mãos que nos rendem o fio

Há mãos que jamais se entrelaçam

Há mãos que se esfregam no frio

Há mãos que divergem, saturam

Há mãos que bifurcam caminhos

Mãos iludem

Mãos afagam

Mãos permeiam

Mãos indagam

Mãos da hóstia consagrada

Mãos da reza

Mãos da tara

Mãos de ilusionistas, cartomantes, curandeiros

Mãos de democratas, ditadores, terroristas

Mãos de deputados, senadores, vigaristas

Mãos de toda sorte

Mãos de Deus

Oriente e norte

Mãos de Rodin

Poesia e porte.

Deni Reis

Deni Reis
Enviado por Deni Reis em 18/03/2009
Código do texto: T1493700
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