Mãos
As minhas mãos nas suas mãos
As mãos do mundo inteiro em nossas mãos
Mãos que semeiam
Mãos que segregam
Mãos que norteiam
Mãos que interpretam
Mãos que disparam
Mãos que seqüestram
Mãos que amedrontam
Mãos que se pegam
Mãos que passeiam seios e coxas
Mãos que escorrem por nossas costas
Mãos que penetram subversivas
Mãos que masturbam, que coisa louca!
Mãos são tão feias, são tão bonitas
Mãos são prudentes, são atrevidas
Mãos são presentes, são esculpidas
São de chegada e são de partida
Mãos são de adeus, são de regresso
Mãos são pedaços de universo
Mãos de pianistas, prostitutas, presidentes
Mãos de sacerdotes, magistrados, cafetinas
Mãos de bailarinas, escritores, balconistas
Mãos de poetisas, seringueiros e profetas
Mãos de toda sorte
Mãos de Deus
Mãos de vida e morte
Mãos de Rodin
Mãos de toda sorte
Mãos de Deus
Mãos de fio e corte
Mãos de Rodin
Só beleza e porte
As minhas mãos nas suas mãos
As mãos do mundo inteiro em nossas mãos
Mãos que apontam os dedos
Mãos que apertam gatilhos
Mãos que nos tecem poemas inteiros
Mãos que nos rendem o fio
Há mãos que jamais se entrelaçam
Há mãos que se esfregam no frio
Há mãos que divergem, saturam
Há mãos que bifurcam caminhos
Mãos iludem
Mãos afagam
Mãos permeiam
Mãos indagam
Mãos da hóstia consagrada
Mãos da reza
Mãos da tara
Mãos de ilusionistas, cartomantes, curandeiros
Mãos de democratas, ditadores, terroristas
Mãos de deputados, senadores, vigaristas
Mãos de toda sorte
Mãos de Deus
Oriente e norte
Mãos de Rodin
Poesia e porte.
Deni Reis