EQUILÍBRIO II
Vivo na linha do horizonte
entre o céu e a terra, no mar.
Sozinha vou , um bionte*,
em nau perdida a navegar.
Ando descalça na corda bamba
de um lado a outro a balançar
nos passos trôpegos dum samba
que tem hora pra terminar.
Equilibro-me no fio da navalha
como se este fora uma ponte
entre meu corpo e a poalha
sempre no ar a bailar.
Debruço-me no precipício
metade de mim presa à terra ,
a outra, ao início do início
onde toda vida se encerra.
Entre um lado e outro homizio,
sinto o nada e vivo tudo.
Não tenho medo do vazio;
num poema me desnudo...
Lina Meirelles
Rio, 18.03.09