Ah, se não fosse esse meu juízo!
Ah, se não fosse esse meu juízo...!
A permear minha existência e escolhas...
Eu abdicaria de tanto buscar razões...
E me poria mais em contato com meu sentir...
Ah, se não fosse esse meu juízo...!
Tiraria esses meus cansados pés do chão...
E me permitiria voar leve como uma brisa...
Que carrega com carinho pétalas de esperança...
Ah, se não fosse esse meu juízo...!
Que me prende em justificativas e medos...
Viveria apenas pelo prazer de amar...
Incondicionalmente em todas as ocasiões...
Ah, se não fosse esse meu juízo...!
Que acolhe sem isenção o julgamento alheio...
Que me preocupa e me cobra coerência...
De modo que me sinto aprisionado em mim mesmo...
Ah, se não fosse esse meu juízo...!
A controlar insistente o que penso e digo...
Eu declararia muito mais o meu amor...
Sem que isso me cobrasse o dia de amanhã...
Ah, se não fosse esse meu juízo...!
A impor uma simples distância do teu toque...
E a me fazer me perder em meus desejos...
Ocupando minhas mãos com insensíveis gestos...
Ah, se não fosse esse meu juízo...!
A me impor realidade até em sonhos...
Meus devaneios seriam todos seus...!
E o meu juízo? Esse não precisaria mais de mim!