Memórias ao cair da tarde
 
À tarde à brisa exposto o olhar vazio e
distante pousa inconstante em redor
à espera da noite que se saiba curta longa
                                                                ou eterna.]
 
Assim parado, resignadamente vejo-me
ou não vejo, sinto ou pressinto que
não sei e saberei jamais que coisa
se esconde nesse céu claro acima da                     
minha cabeça, que linha foi traçada nesse
horizonte imaginado que se esboça em
meus vagos lamentos nas horas do crepúsculo;
se hoje amanhã ou nunca terei de volta
o sentimento de outrora que o futuro
seria o que eu quisesse da minha vida fazer,
sentimento agora estanque nesta angústia
                                                            insuportável]
que se forma vaporosa em cada respiração
                                                                  ofegante]       
 
 
Neste pouso distante em pensamento
apenas, em paragens aquém de tudo,
enxergo nada mais que um borrão
do que houve em tempos idos e vem
ainda assim diariamente visitar-me.
 
Vão-se todas as forças neste insólito momento
Em que exposto ao vento sinto todo o calor
Do sol que no largo horizonte se põe.
E estranhamente consternado uma repentina
Asfixia impede-me de sorver o ar que me rodeia;
este ar  impregnado de memórias.