O poeta de metrô
Lá vai um poeta no metrô
Querendo inventar em seus poemas
Um mundo perfeito
Entre uma curva e outra
O poeta cambaleia pensamentos puros
Mas repara da janela
Uma paisagem sórdida
Ele quer inventar a alegria
Mas a desigualdade aparente é cruel
E os bêbados da cidade
Ensaiam felicidade destilada com mais facilidade
Lá vai um poeta de metrô
Querendo inventar em seus poemas
Um grande amor
Entre uma estação e outra
O poeta compara o vagão ao seu coração
E vê que pessoas partem
Enquanto outras embarcam
Como na sua vida
Mas ele não desiste de inventar
(Seja como for)
Em casa ele abre uma garrafa de vinho
Depois do terceiro copo
Começa a inventar um sorriso no rosto
E tragando a desinvenção da realidade
Se entrega a poesia das horas num viver inventado
Até que a madrugada o adormeça