Poema de uma mulher pequena
Recolho a noite em minhas pálpebras
e com ela a pequena lágrima atenta
e o lento murmúrio das águas serenas.
No instante cristalizado da memória
os horizontes dourados que foram nossa história
lutam com a penumbra do esquecimento.
Daquele tempo que não houve, guardo
as palavras e gestos de amor ensaiados
em paixão e desejo embalados.
E, assim, de névoa e brisa vestido,
habitas, homem, minhas lembranças;
povoas meus pensamentos, e em tua alma peregrina
levas o desconsolo da minha alma menina.
E quando cortas, sob o sol, cigano, planícies imensas,
sem pouso, sem dona, solto no mundo,
ainda desejo teu amor por um segundo,
sabendo, sempre, quão dolorosa a pena
de amar-te sendo aos teus olhos tão pequena.