ANTROPOFAGIA

Repousa tranqüila e serena a Terra,

em seus sonhos de engolir o mundo.

Com a boca eternamente escancarada,

por seu banquete pisoteada,

faminta espera...

engolir toda matéria!

Deglutindo um a um

os mortais insignificantes;

estranhos, complexos, deliciosos habitantes!

Não discrimina raça ou cor,

não importa cheiro ou sabor,

tudo é bem-vindo,

não causa indigestão!

Assim segue a Terra

pobre e gulosa criatura.

Tudo sempre acaba...

sete palmos abaixo,

à cada nova sepultura.

Em sua comilança,

só lamenta a sobremesa...

que nunca lhe é servida.

Devora tudo que tem vida,

mas a imortalidade não lhe cabe.

Desgostosa ela chora,

pois que ela bem sabe,

que jamais conhecerá

a levesa e a doçura das almas!

Bernardo Maciel
Enviado por Bernardo Maciel em 16/03/2009
Código do texto: T1489106
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