OUTONO EM MIM
Sempre achei o outono muito nostálgico,
Cara de romance d’algum lugar do interior britânico
Que enche-me de uma saudade qualquer
Num vão largado em meu coração que não se deixa adormecer
Fico a olhar cada folha que o vento desnuda e vai levando
Assim, do jeito de quem quer seduzir suas árvores
Num ritual de acasalameto e de encanto
Deixando-as prenhes de vida em seus abordares
E fico assim a olhar, voando tão alto quanto as folhas
Deixando-me levar para um lugar onde moram meus desejos
D’um sonho que não despiu e nem prenhou as minhas entranhas
O tempo vai passando nesse outono que me apresenta
Nesse tom de cinza da cor dessa saudade que em mim lamenta
É a vida lá de fora, contra a morte de meus ensejos!