The Cure
Em noite fria,
densa e pálida,
sereno espero
pela melhor poesia.
No jejum e na loucura,
me lanço de prazeres,
das mulheres e dos vícios;
na febre irresponsável.
Me sobe o sangue
e o cansaço.
Me vem o sono
e o mormaço.
Então, hoje, sou
mais ateu que Jesus Cristo.
Adjunto no chiqueiro
das ofensas que escuto.
Não vejo a rima preocupado.
Em ritmo estou só por pecado.
Deito e durmo em meu leito;
de descanço vivo alheio.
Sonho atos que não atuo -
ator feliz no teatro de tristezas.
Pesadelos, sonhos maus,
por que me rendem na agonia?
Não sou forte, nem constante.
Só uma nau de alegria.
Poucas são estas vivências.
Muitas são minhas doenças.
Se na fome me disperso,
de coração dou ao irmão
minha última moeda
de suor tão trabalhado.
Rebusco a dor
na falsa ideia.
Me entrego à sede
de minhas lágrimas.
Choro o ofício,
a paixão.
Meu saberes
de sabão.
Esperançoso volto
e disso me arrependo,
tão culpado, tão omisso,
quanto os olhos que esqueci de abrir.