EU NASCI PRA SER POETA
Nasci pra ser poeta
Poeta hoje sou
E, nesta linha reta,
Enveredando vou
Sofendo por demais
Sorrindo a valer
Eu busco minha paz
Na arte de escrever
Poeta o mundo mira
A flor breve da idade
E busca numa lira
Compor "A Soledade"
Os versos não conheço
E nem sei eu cantar
Aquilo que não esqueço
Me ponho a anotar
A vida me deu flores
Belíssimas, por demais
E eu sofro de dores
Flores, já murchas estais!
Eu versos não conheço
Nem a cor azul do mar
Aquilo que escrevo
É só meu imaginar
Nasci pra ser poeta
Poeta torto sou
Não sigo bem em reta
A senda onde estou
A minha vida é triste
Soturno o meu olhar
Meu gozo não existe
Só tenho em mim pesar
Se hoje eu escrevo
Se faço poesia
É porque nada mais levo
Nesta minha vida fria
Que um lápis - o meu dedo
Papel - meu coração
O resto eu tudo perco
Sofrendo de ilusão
Meus versos não são bons
Lá isso reconheço
E, se prroduzem algum som,
(Fino, sem tom, que seja)
Não é porque mereço
Eu sou pobre de dom
Uma estrela apagada
E, se em algo eu sou bom,
Seja em levar pancada
Nada na vida conheço
Tudo, tudo é ignoto
E, se, por isso, me entristeço
Meus versos na folha boto
Não são bem versos o que faço
São apenas soluços forçados
Velhas palavras que acho
Choros desperdiçados
Bom, nasci pra ser poeta
E poeta hoje sou
Mas versos não são meus versos
Disso prova eu mesmo dou
Leiam estes velhos "versos"
E vejam que mal estou.