A mulher da foto
A mulher da foto
Eu me apaixonei por ela,
pela mulher da foto.
Foi amor à primeira vista,
um delírio divino,
um feitiço infinito,
um segredo de vida,
um amor que a morte ressuscitou.
Tão bela, tão jovem,
presa no mármore frio,
mas viva no fogo da minha paixão,
sentimento angelical do meu lírio.
Toda noite, à mesma hora,
quando a escuridão me envolve,
fecho os olhos depressa,
ansioso para partir outra vez.
E lá está ela, à minha espera,
linda, nua, etérea,
vestida de luar e do azul do mar,
com olhos que cintilam estrelas.
Em seus braços,
o tempo se desfaz,
o mundo silencia,
a entrega é êxtase,
o desejo, eternidade,
a noite, o sonho, a cumplicidade.
Mas a aurora é um castigo,
o sol nos expulsa do paraíso,
e o vazio nos separa.
A cada dia me deito mais cedo,
pois sei que meu tempo se esvai,
e o medo me conduz
ao despertar definitivo.
Já envelheci contando as horas,
enfraqueci esperando o momento
de jamais retornar.
Quando a última noite chegar,
quando meu corpo enfim repousar,
nenhuma luz rasgará a escuridão.
Ela estenderá a mão,
e, no silêncio do portal de luz,
eu a tomarei nos braços
para nunca mais soltar.
Juntos cruzaremos planetas,
onde os deuses sussurram amor,
onde o coração arde como chama sagrada,
onde ela sempre me despertou imortal.
E nossas almas, enfim,
se unirão na glória celestial.
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Referência (ABNT NBR 6023:2018):
FERNANDES, Prof. Osmar Soares. A mulher da foto. Recanto das Letras, 12 mar. 2009. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/poesias/1481963. Acesso em: 1 mar. 2025.