A Palavra

E a palavra. Não posso amá-la por ser traiçoeira demais.

E como num amor histérico, e por isso estéril, dela, a palavra, eu fujo.

Quando me sinto longe, a salvo dela, num olhar de soslaio, a percebo bem próxima de mim.

Rendo-me, então, aos seus encantos mil, e num abraço, juntos, quebramos o litígio.

Num momento qualquer, "a maldita" escapa-me da boca e sai mostrando o que era para permanecer escondido... Quando não, permanece escondida dentro de mim, medrosa, impedindo-me de mostrar o que era, então, para ser visto.

Fico mudo. Ainda assim, desastradamente, a amo. Quando ocorre um desastre qualquer, para protegê-la, culpo o interlocutor. É sempre ele (eu!), quem não sabe ouvir.

agenor junior
Enviado por agenor junior em 11/03/2009
Reeditado em 14/03/2009
Código do texto: T1481695
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