A Palavra
E a palavra. Não posso amá-la por ser traiçoeira demais.
E como num amor histérico, e por isso estéril, dela, a palavra, eu fujo.
Quando me sinto longe, a salvo dela, num olhar de soslaio, a percebo bem próxima de mim.
Rendo-me, então, aos seus encantos mil, e num abraço, juntos, quebramos o litígio.
Num momento qualquer, "a maldita" escapa-me da boca e sai mostrando o que era para permanecer escondido... Quando não, permanece escondida dentro de mim, medrosa, impedindo-me de mostrar o que era, então, para ser visto.
Fico mudo. Ainda assim, desastradamente, a amo. Quando ocorre um desastre qualquer, para protegê-la, culpo o interlocutor. É sempre ele (eu!), quem não sabe ouvir.