A TURMA DO BELVEDERE
passou de dez, nos dedos,
quando, pela última vez, contei-me traições
tive mulheres, amigos, filhos e cidade:
inúmeras mulheres, incontáveis amigos, alguns filhos
e uma só cidade!...
as mulheres deixaram-me ausências,
os filhos, poucas lembranças,
os amigos, saudades dos perfumes baratos
traído,
restou-me a cidade
que permitia que fumássemos baseados no Belvedere de Sé
desafiando a polícia, contrariando os bêbados
– quando a cruz de Mário Cravo ainda nem era um acontecimento
cidade donde jamais parti,
apesar dos amigos, das mulheres, dos filhos, dos novíssimos baianos
– dela desertores –
fugidos de mim,
aos poucos,
cada vez me deixando mais e mais soteropolitano.