MEDO DE TI (Retrô)

Diga-me que se chama nunca o dia de te reencontrar;

Que teus olhos sempre fugirão de mim, que o destino jamais me há de te mostrar.

Que até mesmo o sol se apagará, quem em secos grãos hão de se tornar os cursos do mar;

Ou seja lá o que for, para que tão somente não te possa achar.

Diga-me que teu ódio é minha herança;

Que teus beijos não são meus, que teus seios não me acenam pra repouso;

E se ouso retrucar, diga-me que és mulher e eu criança;

Ou me inventas o que queiras, mas convenças que aquém de ti encontrarei o meu repouso.

Diga-me que sou reles réu, condenado eternamente;

Que as cadeias estão no adeus que me insiste a acenar;

Que o repúdio do teu peito te ensinou me desamar e te fez indiferente;

E te peço em brado urgente: me esqueças no lembrar, me encontres sempre ausente.

Diga-me o que queiras, só não diga-me de perto!

Que teu aproximar me reflita em fuga contumaz;

Onde estejas, como faças, tanto faz;

Sombra e paz não encontro sob o meigo encanto do teu teto;

Pois não posso te sentir;

Não me contenho ao te ouvir.

Se for medo de amar, já não posso a mim mentir:

É medo do meu eu confirmar que tem medo de ti!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 11/03/2009
Código do texto: T1480740
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