MEDO DE TI (Retrô)
Diga-me que se chama nunca o dia de te reencontrar;
Que teus olhos sempre fugirão de mim, que o destino jamais me há de te mostrar.
Que até mesmo o sol se apagará, quem em secos grãos hão de se tornar os cursos do mar;
Ou seja lá o que for, para que tão somente não te possa achar.
Diga-me que teu ódio é minha herança;
Que teus beijos não são meus, que teus seios não me acenam pra repouso;
E se ouso retrucar, diga-me que és mulher e eu criança;
Ou me inventas o que queiras, mas convenças que aquém de ti encontrarei o meu repouso.
Diga-me que sou reles réu, condenado eternamente;
Que as cadeias estão no adeus que me insiste a acenar;
Que o repúdio do teu peito te ensinou me desamar e te fez indiferente;
E te peço em brado urgente: me esqueças no lembrar, me encontres sempre ausente.
Diga-me o que queiras, só não diga-me de perto!
Que teu aproximar me reflita em fuga contumaz;
Onde estejas, como faças, tanto faz;
Sombra e paz não encontro sob o meigo encanto do teu teto;
Pois não posso te sentir;
Não me contenho ao te ouvir.
Se for medo de amar, já não posso a mim mentir:
É medo do meu eu confirmar que tem medo de ti!