ROSA NO ROSTO
O problema do beijo
não é o do que se dá,
o que se rouba
ou aquele que se ganha...
Sim o que pousa
em qualquer lugar
e fica doendo até que volte.
Quando a boca não é a mesma,
o que fica é a tatuagem:
a língua em despedida.
Este não dói, arde como fogo
que não se vê.
E o levamos qual um vento morno
sobre a vela úmida.
Mesmo que se a acenda
após o tempo de viver,
tinge-se de sangue
o tal coração morto.
Bem, noutros verões,
há os que são boitatá: flor
estendida na campina...
O beijo é sempre rosa no rosto.
– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2006/2009.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1479387