INALCANÇÁVEL
Na angústia imponderável da paixão que ilude e cega,
o homem fraco desespera. Trágicômico absurdo!
Quer gritar em voz potente, sua dor, seu infortúnio,
mas se cala, enfim, silente
no cansaço intermitente
do desabafo ambíguo e dúbio.
Muitas vezes corre louco agredindo o próprio corpo
no apelo irrresistível de alcançar o inalcançável.
Desde logo se convence: eis, é só um miserável
que escorrega pelo tempo em andrajos famulentos,
tiritando ao frio vento,
embalando suas mágoas.
O que supunha ser um sonho, sabe, agora, é pesadelo.
Infeliz tem que vivê-lo
como parte da história
que compõe o seu destino.
Pobre homem pequenino, sua dita assim se encerra:
os olhos perdidos no céu, os pés fincados na terra.