SEGREDO
Escondi uma semente nos meus olhos.
Quando notei o esgotamento
de minhas lágrimas, pendurei
em minhas pálpebras um resto
de lamento.
Porque a felicidade, estendida
sobre as minhas pupilas agonizava.
Havia como que uma pálida
nuvem, estática, indiferente,
interrompendo o refluxo
dos sóis à estas paredes
escuras, geladas, mudas.
Notei que as margaridas deixadas ali,
há muito tempo desejavam ser vistas.
Porque apesar da terra seca,
estática, indiferente,
estas belas virtudes estendiam
os seus braços em direção aos céus.
E os pássaros repousavam sobre
as suas duas mãos abertas.
Havia como que um desejo
fertilizando as nuvens.
Quando a chuva passou,
os pássaros sumiram no horizonte...
Depois que o tempo engoliu a saudade,
plantei a semente escondida,
para que a felicidade tomasse vida,
e respirasse livre nas planícies dos meus olhos.