SOS NORDESTE

A seca assola o sertão.
Sua gente
Suas matas
Seu curumi...
Um vento quente assobia um cântico lúgubre.
Defronte ao casebre em ruínas folhas secas rodopiam.
Na porta com olhos remelentos e voltados ao horizonte um vulto singular chora.
Lágrimas deslizam sobre sua face, extinguindo-se ao contato com a boca.
Chora não pelos galhos desidratados com folhas amarronzadas.
Tão pequenino não teve o deleite de conhecer o verde. Nunca viu o sertão se fantasiar desta cor.
Chora apenas de fome e sede.
Da lata reaproveitada, retira um punhado de farinha seca que misturadas às lágrimas consegue deglutir.
Iguais a ele, outros peregrinos e até rebanhos umedecem suas almas com água dos olhos, enquanto invocam a Deus pelo inverno, mas nada acontece e o sol continua a castigar aquela gente.
O curumi não sabe que existe solução para aquela desolação.
Melhor assim. Pior seria saber que um dos seus irmãos poderia lhe dar a mão e lhe secar os olhos, mas que absorvido pelo egoísmo simplesmente se calam conseguindo delongar esta situação.
O egoísmo tempera seus fartos pratos e seus drinks.
Estes mesmos são os que falam de paz, e que nada fazem para combater a violência que esta ali diante de seus olhos, pois não conseguem resolver nem ao menos seus próprios problemas.
Enquanto isso a seca assola o sertão. Castiga sua gente, suas matas e especialmente seu curumi.




 
Jorgely Alves Feitosa
Enviado por Jorgely Alves Feitosa em 10/03/2009
Reeditado em 19/10/2018
Código do texto: T1478906
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