EMPRESTA-ME A TUA ALMA
EMPRESTA-ME A TUA ALMA
Já sei por onde escoam as águas da fonte
desse sorriso de cristal que me entorpece
de sonhos o rebanho de minhas emoções.
Ecoa-me a canção destas amenas águas
que te escorrem das pedras derramadas
na ânfora do corpo em cálice de outono.
E os teus sorrisos são libélulas de beijos
tangidas pelas flautas doces das ribeiras
do impulsivo destino de lavar o coração.
Então me empresta a alma de alvorada
para tirar de ti as pedras dos caminhos
e apascentar as águas do meu ribeirão.
Benditos sejam os clarins da primavera
benditos sejam os que viverão de rosas
porque de espinhos eles não perecerão.
Afonso Estebanez