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            UM PÉ DE POEMA/NO JARDIM DE SOFIA (zocha)

Vou plantar  um  pé de poema

já esterquei a cova
fiz desova com minha pena
 já arregacei os baldes da manga
fiz descarrego das veias
assim planto esse pé de poema no canteiro do agora
crivo nos cravos dos olhos teus

Bordarei sem palavras esses teus umbigos
adejarei  borboletas
além da  barriga desta  aldeia
Já reguei das bilhas 
borrifei as  calhas com  água benta
nas asas do verso o ácido da placenta
 a terra bebe o córrego 
fio d'água  te escorre eternidade! 


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