Do velho

Quando pego das páginas deste caderno

a saudade me enerva

soluços dissipam-se de minha goela

choro copiosamente à luz desta vela.

Os olhos marejados

na boca, o gosto amargo

o sal dos meus pecados

estreito entre as mãos a bula

do arsênico tomado.

Eu não só o desejei fazer, como o fiz

quando peguei das partes deste caderno

um momento de embriaguez tomou-me decerto,

como desejo o gosto do velho.

Não, eu já não mais o quero!

Detesto!

Vomito o néctar do mofo

de tudo o que é velho

preciso cortar o fio do cérebro.

Rafaela Barros
Enviado por Rafaela Barros em 09/03/2009
Reeditado em 05/06/2010
Código do texto: T1477743
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