O Poeta naõ morre
O Poeta não morre...
ausenta-se de letras
de sentimentos,
de inspiração.
O poeta anestesia a alma
pelo cansaço da dor,
pela solidão constante.
Guarda no peito as marcas
dos desabores, das cores
opacas de um outono vazio.
O Poeta amassa
o branco infinito
sem versos, sem nexo,
sem nada a dizer.
O poeta apaga a chama
da inspiração, vastidão
de noz na garganta
a esperar o gorfar
de um poema.
O poeta adormece,
debruça no leito...
adoece febril
o sono mal dormido,
nas horas de espera
d'um sonho rasgado
p'la metade.
O poeta enlouquece,
gira, desnorteia
n'um buraco negro
da ausência dos versos.
O Poeta não morre...
Ele arrefece.