Ociosidade

Tenho o tempo que não tenho.

O tempo leva ao nada que tudo quero...

Não faço o que não desejo,

faço o que o tempo destempera.

Se não quero, fico o tempo

a nada fazer, apenas olhar...

Olho o nada, o desfazer,

a vida a correr, a passar

sem gritar,

chorar,

olhar...

Sem tempo imposto,

sem ordens expressas,

sem motivos para usar o tempo.

Apenas faço ou desfaço,

falo,

calo,

descubro o nada.

Espreguiço e adormeço

na rede,

na cama,

no chão...

Tempo escasso...de horas

por nada fazer;

comer,

beber,

dormir,

sonhar,

despertar...

Às vezes é preciso

a tal ociosidade.

Anna Müller
Enviado por Anna Müller em 30/04/2006
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