Ociosidade
Tenho o tempo que não tenho.
O tempo leva ao nada que tudo quero...
Não faço o que não desejo,
faço o que o tempo destempera.
Se não quero, fico o tempo
a nada fazer, apenas olhar...
Olho o nada, o desfazer,
a vida a correr, a passar
sem gritar,
chorar,
olhar...
Sem tempo imposto,
sem ordens expressas,
sem motivos para usar o tempo.
Apenas faço ou desfaço,
falo,
calo,
descubro o nada.
Espreguiço e adormeço
na rede,
na cama,
no chão...
Tempo escasso...de horas
por nada fazer;
comer,
beber,
dormir,
sonhar,
despertar...
Às vezes é preciso
a tal ociosidade.