Adeliana
Floresceu no lodo
As flores que cultivaste
E é de angústia
A seiva de que te nutriste
Quiseste semear
pelo mundo a semente
que por si só desabrocha
no caos tresloucado
dos teus jardins de Babilônia
Tão longe então foste
buscar a terra fértil,
a terra prometida
E o que achaste
foi senão mais uma ilha
de Crusué, onde a vida
floresce em qualquer
circunstância
Esperavas colher os
halos do invisível
A vida até então havia
sido para ti essa espera
Mas, agora o caule dos teus
sonhos busca fundo na terra
as raízes da vida, a que se
vive por trás do real
já tão esfacelado em cinzas,
a vida que desabrocha
do dia a dia de cada homem
de cada ser, de cada coisa
e oferta aos olhos a
flor do cotidiano