Hodos
Hodos*
"Nem eu nem o Minotauro teremos uma pátria. Apenas o café..."
(Jorge de Sena)
Meu ser que sangra caminhos distantes
Não tem mais lar e muito menos pátria
Meu hodos se estende pela madrugada
E pelo frio... E apenas assim, langue
Como a fala mansa que vem dos arvoredos
E das estradas, e dos sujos mangues cariocas,
Como a relva verde dos pampas, ou das piramides
De um deserto qualquer no Egito, se faz.
Estas illuminuras que ascendem em clarão
O breu de uma noite fatídica, onde a rosa
Se pôs morta e pisoteada ao chão
Nos olhos de um neo-romântico...
Meu plasma goteja em pingos de horas
Como se algo fosse partir e separar
- Eu sempre soube que estava errado;
Encontro faces cobertas e revelo
O som surdo e frágil da meia-noite
Que cava nas terras de piso seco
Uma trilha tingida de vermelho e rebu.
Ecoando a fora notas malditas e suspiros
Que boca alguma jamais foi capaz de produzir
Espremo as cordas de aço com meu dedo
E atravesso os mundos do eterno sonhar.
* Do grego clássico: Caminho.