A Física do Transcorrer

Trago os meus olhos cheios de estrelas,

Pois ruge já o futuro em minhas veias.

Vento furioso e caótico e, no entanto,

Submisso ao jogo das possibilidades.

Cristaliza-se no agora e no que

Continuamente transformo-me:

Eu mesmo e minhas memórias.

Este vasto e desolado cemitério,

Que nos guarda e sobre o qual

Construímos nossas vãs realidades.

Transito meu tempo a cavaleiro

Equilibrado neste muro tenuamente

Separando dúvida e certeza.

E, se mais na ordem habito,

Não é por minha vontade.

Anseio pelo mar aberto

Que se expande mais além,

No horizonte, onde tudo

Ainda é porvir, é probabilidade,

Aonde os dados são jogados

A cada momento,

E todas as pequeninas coisas

Já negociam o dia de amanhã.