BRAÇOS FORTES

E eu não vi nenhuma luz.

Mesmo sabendo que o meu quarto é minha igreja,

a visão não atingiu meus olhos,

nem a luz tocou meus ouvidos,

nenhum dos meus sentidos foi solicitado,

nem a minha fé se abalou.

Quando choveu, molhou.

Veio o sol e secou.

Outono para as frutas,

primavera para as flores,

são divisas.

Não há paralelismos,

nem genuflexão,

nem conversas solitárias com o além.

Ora não ignore

a guia da angústia.

Na alma não seque

a fingida nódoa

que esgoela a face pálida

e faz marcas das viagens

com sequelas nos páramos.

Quando os lampiões secaram,

duvidou-se dos sentidos puros

no proceder da matilha.

Ainda encontrou a fuga

e atingiu o isolamento.

O que se crê só é perceptível intimamente,

mesmo quando parece muito claro.

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Este poema compõe o projeto “O tolo, o roto e o homem”.

Luís César Padilha
Enviado por Luís César Padilha em 07/03/2009
Reeditado em 07/03/2009
Código do texto: T1474393
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