BRAÇOS FORTES
E eu não vi nenhuma luz.
Mesmo sabendo que o meu quarto é minha igreja,
a visão não atingiu meus olhos,
nem a luz tocou meus ouvidos,
nenhum dos meus sentidos foi solicitado,
nem a minha fé se abalou.
Quando choveu, molhou.
Veio o sol e secou.
Outono para as frutas,
primavera para as flores,
são divisas.
Não há paralelismos,
nem genuflexão,
nem conversas solitárias com o além.
Ora não ignore
a guia da angústia.
Na alma não seque
a fingida nódoa
que esgoela a face pálida
e faz marcas das viagens
com sequelas nos páramos.
Quando os lampiões secaram,
duvidou-se dos sentidos puros
no proceder da matilha.
Ainda encontrou a fuga
e atingiu o isolamento.
O que se crê só é perceptível intimamente,
mesmo quando parece muito claro.
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Este poema compõe o projeto “O tolo, o roto e o homem”.