Prá que...
prá que tanto esforço
tanto suor no rosto
essa vista cansada
essa dor no pescoço...
prá que esse vício
esse dito não dito
esse desejo incontido
esse precipício...
prá que esse corpo
vestido de pressa
prá que essa voz
que grita calada
tantas ciladas
tantos planos
tantos enganos
restou incerteza
em tanta beleza...
prá que tanto poema
tanto lirismo
prá que tanto mar
tanto cismo...
prá que tanto ardor
todo esse amor
que chora sozinho
que olha pro céu
não entende o porquê
e canta baixinho
“que noite que lua meu bem
prá que?...”
...e as mãos que um dia
colheram a flor
hoje espalmadas
são pétalas marcadas
que guardam a dor...
(...lembrando Sidney Miller...)