História Batida
Saíra à rua o geral rude poviléu
Alardeando uma grande zanguizarra
Casimiro quis saber do babaréu
Fazia frio, embrulhou-se na samarra.
Maria, que vem a ser o Vaganau?
Que faz aqui o povo ao vento taró?
Coisa fina fará arejar balandrau.
Clamor assim só os homens de Jinó.
Ó homem pára já esse tolo lambaré
Conto-te agora num flaite o que sei
Que é verdade, juro, não sou alquilé.
Há-de vir aí o manilha nosso Rei.
Mas não virá com vestido prosaico
Mostrar à plebe um delicado fato
Tocado por um feitiço arcaico
D’ oiro precioso, nada barato.
Tão bem engendrado o sortilégio
Que só o verá quem seja esperto
Deve vir ufano o monarca egrégio
Por nesse manto mágico ser coberto.
Dizem que de rubis vem incrustado
Com enfeites de rendas fabulosas
P’lo peso da riqueza vem ajoujado
Esticam cabeças gentes curiosas.
Ó Maria, vejo as cocas, o talim,
Vem de butes o machucho chilandrão.
Ai que perco o zarinzel, pobre de mim!
Não noto manto, o homem mostra o cação!
Eu bem o topo, não há nevoeiro
Aí vem brunindo, inchado como peru
Destapando sem pudor o fofeiro.
Chamem-me burro: o Rei vem nu!