História Batida

Saíra à rua o geral rude poviléu

Alardeando uma grande zanguizarra

Casimiro quis saber do babaréu

Fazia frio, embrulhou-se na samarra.

Maria, que vem a ser o Vaganau?

Que faz aqui o povo ao vento taró?

Coisa fina fará arejar balandrau.

Clamor assim só os homens de Jinó.

Ó homem pára já esse tolo lambaré

Conto-te agora num flaite o que sei

Que é verdade, juro, não sou alquilé.

Há-de vir aí o manilha nosso Rei.

Mas não virá com vestido prosaico

Mostrar à plebe um delicado fato

Tocado por um feitiço arcaico

D’ oiro precioso, nada barato.

Tão bem engendrado o sortilégio

Que só o verá quem seja esperto

Deve vir ufano o monarca egrégio

Por nesse manto mágico ser coberto.

Dizem que de rubis vem incrustado

Com enfeites de rendas fabulosas

P’lo peso da riqueza vem ajoujado

Esticam cabeças gentes curiosas.

Ó Maria, vejo as cocas, o talim,

Vem de butes o machucho chilandrão.

Ai que perco o zarinzel, pobre de mim!

Não noto manto, o homem mostra o cação!

Eu bem o topo, não há nevoeiro

Aí vem brunindo, inchado como peru

Destapando sem pudor o fofeiro.

Chamem-me burro: o Rei vem nu!

AnaMarques
Enviado por AnaMarques em 07/03/2009
Reeditado em 07/03/2009
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