Suave melodia, transporta-me

Nas madrugadas, o sereno ofusca a visão sobre as vidraças, vagando entre as calçadas, feito folhas arrastadas pelo vento, meu pensamento instala-se lentamente sob a relva.

Palavras gravadas juntam-se entre outras almas no saudosismo que me invade.

Luzes se apagam, o silêncio toma conta de meu ser, debruço-me entre a nostalgia, faz subir nas alturas, meus anseios profundos.

Rabisco versos, vagando na imensidão do universo, me junto à aragem fria, suave melodia, transporta-me para outras eras, saio de mim, cruzo estradas estreitas, campos floridos, perfume de jasmim espalha pelo ar, em minhas entranhas, corre um rio que deságua no oceano, mistura-se em ondas revoltas e descansa a beira da praia, nas curvas do infinito...

O por do sol se esconde!

Onde a lágrima brinca sorrateira, sobre a face, dos olhos de quem ama perdida em desafios diante da vida.

O vento desalinha os cabelos, despida e de alma alva, sigo as pegadas deixadas na areia, caminho sem destino, carregando apenas, o brilho da esperança no olhar.

Meu espírito foi ao longe...

Sem pressa para retornar.

Escrito

29.04.2006

Por Águida Hettwer